Médicos estão mais preparados para lidar com a microcefalia
Evento no Recife analisou casos da doença relacionados ao Zika Vírus
“Os ultrassonografistas estão mais preparados para lidar com casos de alterações cerebrais decorrentes do Zika Virus. O Brasil não notificava essa ocorrência e, agora já estamos mais preparados e temos um olhar mais critico”, enfatizou o dr. Pedro Pires, da Universidade Estadual de Pernambuco, em evento em Recife, sobre o tema “Zika Virus e malformação cerebral fetal e neonatal”.
A iniciativa contou com o apoio da prefeitura de Recife e da GE Healthcare, que cedeu a tecnologia, e teve a presença do dr. Heron Werner, do Rio de Janeiro. Foi discutido o uso da ultrassonografia no diagnóstico da microcefalia durante a gestação. Médicos e pacientes de Pernambuco, um dos estados com elevado número de casos da doença no país, vivenciaram a experiência desses especialistas, com o uso do método.
Além dos aspectos teóricos, sobre os principais sinais que indicam a presença da microcefalia, houve demonstração prática, durante o evento e em tempo real, do exame do sistema nervoso central fetal, além da discussão de casos envolvendo não apenas gestantes que tiveram diagnóstico da microcefalia nos fetos, mas também casos em que a paciente chegou a ser infectada pelo vírus Zika, mas os fetos não apresentaram sinais relacionados à má-formação.
Para o dr. Pedro Pires, coordenador do evento, foi uma oportunidade para que especialistas da imagem da região discutissem o estado atual da medicina diagnóstica na atenção aos casos relacionados ao Zika Vírus. Destacou, na oportunidade, que, em geral, o diagnóstico da microcefalia não exige grandes recursos tecnológicos, mas algumas alterações cerebrais podem passar despercebidas se o profissional não for habilitado para analisar o sistema nervoso central ou se os recursos técnicos forem insuficientes. "Em termos de imagem, nós estamos muito bem assessorados pela tecnologia dos equipamentos, mas a realidade brasileira, em especial a do Nordeste, é que a maioria dos nossos colegas não dispõe de equipamentos de ponta", afirmou o dr. Pires.
O especialista ressaltou, ainda, que o exame laboratorial para o vírus também "deixa muito a desejar": "Nem sempre, quando o resultado é positivo, significa que a paciente teve uma infecção pelo Zika Vírus, pois pode haver resultados cruzados com outras arboviroses. Daí a dificuldade que temos para compreender a evolução dessa doença".
Essa dificuldade, associada ao impacto que a explosão de casos associados ao vírus teve na comunidade médica e na sociedade em geral, representou um grande desafio para a medicina diagnóstica. "O Brasil não notificava a microcefalia em todos os casos, mas a partir do surto, toda microcefalia detectada passou a ser atribuída ao Zika Vírus, e a realidade não é bem assim", pontuou o dr. Pires, lembrando que existem outras situações que podem causar alterações como microcefalia, dilatações e calcificações cerebrais.
Hoje, porém, o setor de diagnóstico por imagem tem mais segurança para lidar com o problema, na avaliação do especialista, que citou como exemplo a adoção, por parte da Secretaria de Saúde de Pernambuco, de um protocolo ultrassonográfico para o registro dos sinais que caracterizam os casos suspeitos. "Agora nós já estamos mais preparados e temos um olhar mais critico", comemorou o dr. Pires.
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