Prática médica está cada vez mais vinculada às novas tecnologias

A contribuição de áreas do conhecimento como Design e Informática à Medicina é muito grande, e na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) têm sido desenvolvidos trabalhos pioneiros. Alguns desses projetos foram apresentados no simpósio Medicina e Inovação: Experiência de Interdisciplinaridade na PUC-Rio, realizado este mês na capital fluminense. O evento reuniu mais de 200 pessoas, médicos em sua maioria, para discussões sobre os avanços das pesquisas em diferentes áreas do conhecimento aplicadas à saúde. 

Na abertura do simpósio, o reitor da PUC-Rio, Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J., ressaltou a importância das inovações da Medicina aliada à tecnologia. “Tenho o sonho de construir um núcleo interdisciplinar de referência na área médica na PUC-Rio, e os trabalhos aqui apresentados são o início da construção de uma Medicina Tecnológica”, afirmou o reitor.

Muitos dos projetos já eram desenvolvidos separadamente na universidade e, com o tempo, começaram a acontecer de maneira integrada. “Entramos em contato com todos os departamentos e com seus pesquisadores para saber quem desenvolvia pesquisa para a área da saúde e se estavam interessados em unir-se a nós, médicos. O resultado tem sido surpreendente”, afirma o professor Hilton Koch. A partir deste trabalho, surgiu a ideia do projeto, que ainda está em fase inicial, de criação de uma curso de graduação em Medicina na PUC-Rio.

Aplicativos de atenção à saúde

Entre os projetos apresentados no simpósio está a pesquisa sobre a impressão de fetos 3D desenvolvida pelo professor e pesquisador Jorge Lopes, coordenador do Núcleo de Experimentação Tridimensional (NEXT) e da linha de pesquisa em biodesign do laboratório de tecnologia e saúde da PUC-Rio. O estudo começou a ser desenvolvido em parceria com o médico Heron Werner Junior e permitiu a impressão de fetos em tamanho real a partir de exames de ultrassom, permitindo que grávidas cegas percebessem através do tato a fisionomia dos seus bebês. 

Em outro projeto, a equipe de designers e médicos coordenada pelo professor Jorge Lopes desenvolveu a impressão 3D de diferentes órgãos, além de próteses ortopédicas a válvulas cardíacas, permitindo o estudo de diversos casos clínicos. Com a navegação virtual e os softwares desenvolvidos, foi possível estudar possibilidades cirúrgicas para fetos antes mesmo deles nascerem. 

Durante o evento, o coordenador executivo do MedLes, professor André Lucena, falou sobre os softwares de âmbito médico desenvolvidos por ele e sua equipe. O MedLes faz parte do Laboratório de Engenharia de Software e é o segundo maior dentro do departamento de Informática da PUC-Rio.

Lucena explicou alguns dos principais projetos feitos em parceria com a Apple no desenvolvimento de aplicativos em IOS para a medicina. Um deles é o DocPad, uma espécie de Dropbox para assuntos médicos. Outros exemplos são o Solução de Voz, que pretende minimizar o tempo que os médicos gastam após consultas e cirurgias escrevendo o prognóstico, o Pré Natal Digital, para o acompanhamento de grávidas, e o Diapets, que informa níveis de açúcar no sangue, quando aplicar insulina e quando se alimentar, tudo em forma de jogo e que será testado na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

O professor Jorge Biolchini, coordenador de Pós-Graduação e Pesquisa do CCBS e do laboratório de tecnologia e saúde da PUC-Rio, provocou a plateia do simpósio a pensar novas possibilidades de interdisciplinaridade para inovação no campo da medicina e da educação. “Multidisciplinaridade é o somatório de todos os conhecimentos e uma convergência, gerando resultados novos. A interdisciplinaridade trabalha na interface, gera novas zonas de conhecimento, diferentes perspectivas sobre o mesmo espaço, métodos e caminhos de desenvolvimento do conhecimento. O passo mais além é o da transdiciplinaridade, quando um determinado conhecimento atinge um grau de universalidade transversal. Inovação é a criatividade transformada em potencial de mudança. Na Medicina, inovar é aprimorar a qualidade da vida”, definiu Biolchini.