RM auxilia no diagnóstico precoce da ELA

Cientistas brasileiros buscam encontrar marcadores de imagem, sanguíneos e genéticos, que possam auxiliar no diagnóstico precoce para a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - doença caracterizada pela degeneração de neurônios motores e que apresenta progressão geralmente rápida. Segundo os especialistas, a partir do momento do diagnóstico, cerca de 90% dos pacientes têm sobrevida de três a cinco anos.

17 Jul, 2017

O estudo foi realizado no âmbito do Instituto Brasileiro de Neurociência e Neurotecnologia do Instituto Brasileiro de Neurociência e Neurotecnologia (BRAINN) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP, e publicado na revista NeuroImage: Clinical, e está centrado no uso de técnicas avançadas de análise de imagens de ressonância magnética, nas quais os pesquisadores tentam identificar marcadores genéticos para a ELA e, também para verificar a importância de se analisar mais cuidadosamente a medula espinhal nos casos dessa doença.

De acordo com o coordenador Marcondes Cavalcante França Jr., pesquisador e chefe do setor de Doenças Neuromusculares da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), “a equipe visa encontrar meios para diagnosticar ELA em uma fase precoce, de forma que os médicos possam auxiliar o paciente durante a progressão da doença, bem como, saber quais os tipos de tratamentos e de equipamentos que ele vai necessitar e quando”, explica.

Para isso, foram analisadas imagens de ressonância magnética de 63 pacientes com ELA, do Hospital das Clínicas da Unicamp. Os focos da análise foram a espessura do córtex cerebral, onde encontraram alterações na região pré-central; no volume dos gânglios basais na região mais profunda do cérebro e na análise da substância branca do cérebro, onde também observaram alterações. Os pesquisadores também analisaram a medula espinhal, comparando imagens obtidas no momento do diagnóstico de ELA com outras feitas oito meses depois, de modo a poder observar a evolução da doença. Por fim, detectaram redução progressiva de volume na medula espinhal.

“Em seguida, comparamos os diferentes parâmetros de imagens para saber qual o mais sensível para detectar a progressão da doença e vimos que eram exatamente as imagens da medula espinhal. A conclusão é que devemos analisar com mais cuidado a medula espinhal, pois se trata de um dos marcadores mais sensíveis para o acompanhamento de pacientes com ELA no longo prazo e, portanto, útil para a estimativa do prognóstico”, complementa.

O neurologista diz ainda que trabalhos anteriores mostraram alterações no córtex cerebral, mas a quantificação do grau de atrofia na medula é algo novo. “Esses estudos se debruçaram sobre o cérebro ou a medula, mas praticamente nenhum abordou ambos ao mesmo tempo”, comenta.

Na maioria dos casos, a esclerose lateral amiotrófica acomete pessoas com idades entre 50 e 65 anos. “Incurável, é a terceira doença neurodegenerativa mais comum, depois do Alzheimer e Parkinson, e a que menos se conhecem as causas. Não conhecemos a etiologia da doença ou qual o seu fator desencadeante, mas sabemos que de 5% a 10% dos casos têm substrato genético, e que cerca de 15 genes, quando sofrem mutação, estão relacionados ao desenvolvimento de ELA”, diz Marcondes.

A prevalência dessa doença no Brasil é de cinco casos para cada 100 mil habitantes.

Marcadores genéticos

A equipe do neurologista Marcondes - responsáveis pelo atendimento dos pacientes com ELA no Hospital das Clínicas da Unicamp, tem uma segunda linha de pesquisa para o  diagnóstico precoce da ELA, centrada em marcadores genéticos.

O estudo do grupo que foca exatamente na busca de micro-RNAs que possam servir de marcadores de ELA, teve seus resultados publicados no Journal of the Neurological Sciences, a avaliou os níveis dos dois microRNAs nos pacientes ao longo de 12 meses. “Descobriu-se algo surpreendente. Os pacientes com nível mais elevado daqueles micro-RNAs foram os que apresentaram, em uma relação indireta, a evolução mais branda da doença”, explicou o pesquisador.

O RNA (ácido ribonucleico) é uma molécula responsável pela síntese de proteínas nas células e existe um tipo de RNA, chamado microRNA, cuja função é regular a expressão de diversos genes. Por exemplo, há microRNAs que são expressos no cérebro e também nos músculos. “Achamos que esses micro-RNAs têm um papel de tentar produzir uma reinervação muscular mais efetiva. A conclusão é que a análise dos microRNAs 206 e 424 como biomarcadores oferece um importante potencial para acelerar no diagnóstico de ELA e estimar o prognóstico individual para cada paciente”, esclarece Marcondes.

Os artigos Longitudinal evaluation of cerebral and spinal cord damage in Amyotrophic Lateral Sclerosis (doi: https://doi.org/10.1016/j.jns.2016.06.046), de Milena de Albuquerque, Lucas Melo T Branco, Thiago Junqueira R. Rezende, Helen Maia Tavares de Andrade, Anamarli Nucci, Marcondes Cavalcante França Jr., publicado em NeuroImage: Clinical, pode ser lido em http://dx.doi.org/10.1016/j.nicl.2017.01.024e o MicroRNAs-424 and 206 are potential prognostic markers in spinal onset amyotrophic lateral sclerosis (doi.org/10.1016/j.jns.2016.06.046), de Helen M.T. de Andrade, Milena de Albuquerque, Simoni H. Avansini, Cristiane de S. Rocha, Danyella B. Dogini, Anamarli Nucci, Benilton Carvalho, Iscia Lopes-Cendes, Marcondes C. França Jr., publicado em Journal of the Neurological Sciences,  está acessível em www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022510X1630377X

Fonte: Boletim Agência FAPESP

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