Radiografia de tórax reduz dose de radiação em bebês

As doses de radiação para neonatos submetidos a radiografias de tórax podem ser significativamente reduzidas usando uma técnica de alta quilovoltagem, de acordo com um estudo usando phantoms  antropomórficos publicado na Radiation Physics and Chemistry. Uma equipe internacional de pesquisadores simulou um neonato submetido a radiografia de tórax digital usando diferentes configurações de pico de quilovoltagem (kVp) e tempos de aquisição. Eles descobriram que o uso de uma técnica de alto kVp resultou em uma queda de 40% na exposição à radiação, mantendo a qualidade de imagem adequada. "A técnica de alto kVp é uma estratégia potencial para otimizar a dose de radiação na radiografia de tórax [anteroposterior] para recém-nascidos", escreveu o autor correspondente Dr. Wiam Elshami, professor assistente de diagnóstico por imagem médica da Universidade de Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos.

A radiografia de tórax é a modalidade radiológica mais utilizada em unidades de terapia intensiva neonatal. O objetivo é garantir uma dose de radiação não maior do que a necessária nesses pacientes, mantendo a qualidade da imagem para diagnosticar possíveis achados. Isso requer o ajuste da voltagem nos tubos de raios X da máquina (kVp), bem como o tempo usado para adquirir imagens de qualidade, medido em miliampere segundos (mAs). O aumento da tensão pode diminuir o mAs (tempo de exposição), mas também reduz a qualidade da imagem. As diretrizes atuais para pacientes pediátricos submetidos a radiografia de tórax anteroposterior (AP) recomendam entre 60-80 kVp e entre 1-2 mAs.

No entanto, nenhuma recomendação específica foi desenvolvida para neonatos, que correm maior risco de exposição à radiação devido à probabilidade de reinternação e exames subsequentes, escreveram os autores. Neste estudo, Elshami e colegas usaram um fantasma recém-nascido que desenvolveram para simular um recém-nascido submetido a radiografias de tórax no Laboratório de Imagens Médicas da Universidade de Sharjah. O simulador simula um paciente recém-nascido, com altura e peso de 50,9 cm e 2,4 kg. O produto de área de dose de radiação (DAP) foi registrado no cabeçalho DICOM da imagem, enquanto a qualidade da imagem foi determinada por três radiologistas que avaliaram as imagens em quatro regiões de interesse (ROIs) dentro dos pulmões do fantasma. Os pesquisadores mediram o DAP em 40, 50, 60 e 70 kVp.

A otimização de kVp e mAs teve um efeito significativo na redução da dose de radiação do paciente, descobriram os autores. O DAP médio diminuiu 26,7% quando o kVp foi aumentado de 40 para 50, e depois 22,9% a 60 kVp e 40,3% a 70 kVp, de acordo com os achados. A dose efetiva de radiação para pacientes a 40 kVp variou de 0,13 a 0,23 µSv enquanto a dose efetiva a 70 kVp variou entre 0,08 a 0,17 µSv. Além disso, não houve diferenças significativas na qualidade das imagens, conforme determinado por um sistema de pontuação utilizado pelos radiologistas avaliadores. "O uso de KVp alto proporciona uma redução considerável da dose de radiação, mantendo a qualidade da imagem", escreveram os autores.

Em última análise, embora este tenha sido um estudo experimental que usou um simulador, o que limitou a avaliação de imagens, o estudo destaca a necessidade de analisar as imagens de pacientes neonatos e calcular os riscos de diferentes exposições para garantir uma prática segura, observaram os autores. "A dose de radiação para os pacientes deve sempre ser mantida tão baixa quanto possível (ALARA), proporcionando uma qualidade de imagem adequada para apoiar o diagnóstico e o curso do tratamento adequados", concluíram Elshami e colegas.

Imagem:  Um phantom de corpo inteiro recém-nascido.

Fonte: https://www.auntminnie.com/index.aspx?sec=sup&sub=xra&pag=dis&ItemID=136262