Tratamento de câncer de mama metastático no SUS segue sem avanço há 10 anos
Entidades cobram a realização de audiências públicas para discutir soluções
No Brasil, o câncer é a segunda maior causa de mortes por doença e o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que, em 2017, cerca de 600 mil novos casos serão registrados no país. Na situação específica do câncer de mama, representa 25% do total dos novos casos da doença que acometem as mulheres por ano. Neste contexto preocupante, menos de 10% dos quase 5,2 mil mamógrafos das redes pública e privada têm o Selo de Qualidade em Mamografia, concedido pelo Colégio Brasileiro de Radiologia.
O Dia Mundial do Câncer e o Dia Nacional da Mamografia, em 4 e 5 de fevereiro, respectivamente, marcam uma série de atividades para conscientizar e buscar soluções que revertam as dificuldades com a prevenção e o diagnóstico.
Na última quarta, dia 1º, instituições integrantes da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) em todo o país entregaram requerimentos a deputados estaduais para a realização de uma série de audiências públicas em que serão discutidas as condições do tratamento de pacientes de câncer de mama metastático no país. As audiências devem ser agendadas para abril deste ano. Há mais de dez anos não há novas inclusões de tratamento para câncer de mama metastático no SUS.
No Brasil, o número anual estimado de novos casos de câncer de mama é de 58 mil, de acordo com informações do INCA, que aponta mortalidade ainda elevada, provavelmente porque a doença é diagnosticada tardiamente. Por esta razão, a detecção precoce pela mamografia é fundamental e possibilita que o tratamento seja menos agressivo e com maiores chances de cura.
“Descoberto em suas fases iniciais, pode ser tratado por meio de cirurgias menos agressivas, algumas vezes sem necessidade de quimioterapia”, explicou a dra. Flora Finguerman, radiologista da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI).
Recentemente, o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) fizeram um alerta sobre o número de mamógrafos no Brasil que podem estar realizando mamografias de forma inadequada.
“Acreditamos que tão grave quanto a falta de conscientização da população para a importância dos exames é a falsa sensação de ter feito um exame e este não apresentar qualidade necessária para um diagnóstico preciso”, salientou a dra. Norma Maranhão, membro da Comissão Nacional de Mamografia do CBR.
Pesquisa recente da SBM mostrou que menos de 10% das cerca de 5,2 mil clínicas do país têm o Selo de Qualidade em Mamografia concedido pelo CBR. Aparelhos descalibrados, com doses inadequadas de radiação, técnicos sem preparo para o posicionamento correto da mama e médicos sem formação adequada para análise dos laudos são alguns dos problemas que podem levar a um diagnóstico errado em um exame de mamografia.
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