Ultrassom e laser usados para tratar caso incomum de fibromialgia

A aplicação combinada de ultrassom e laser nas mãos de paciente do sexo masculino reduziu dores intensas da fibromialgia, doença muito mais comum em mulheres.

13 Fev, 2019

A Unidade de Terapia Fotodinâmica (UFT) da Santa Casa da Misericórdia de São Carlos (SCMSC), com a participação de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, tratou com sucesso um caso de fibromialgia raro de um paciente do sexo masculino. Essa doença tem ocorrência relatada em mulheres em quase cem por cento dos casos. A terapia é baseada na aplicação, nas mãos do paciente, de ultrassom e laser gerados por um equipamento criado no Grupo de Óptica do IFSC. O caso foi relatado em artigo no Journal of Novel Physiotherapies. 

Das mãos para o cérebro

A terapia foi desenvolvida inicialmente para o tratamento da artrose e depois utilizada para o alívio das dores da fibromialgia, síndrome que afeta majoritariamente mulheres e que causa dores intensas por longos períodos e hipersensibilidade em músculos, articulações e outros tecidos moles.

“Quando o paciente chegou na clínica estava com tanta dor, e tão deprimido, que não me olhava nos olhos. Fiquei incrédulo tanto pelo estado dele quanto pelo fato de, pela primeira vez, estar diante de uma ocorrência da fibromialgia no sexo masculino”, lembra o fisioterapeuta. Richard Rocha, o paciente, teve a fibromialgia diagnosticada há cerca de 15 anos, por exclusão de outras patologias, mas os sintomas da doença se manifestavam desde a adolescência.

A terapia fotodinâmica combinou frequências específicas de ultrassom e laser e, ao invés de aplicadas diretamente no local onde ocorrem as dores, foram direcionadas para as palmas das mãos do paciente. “Um estudo observou que nas palmas das mãos de pacientes com fibromialgia existe um maior número de neuromecanorreceptores, terminais nervosos que chegam ao local e levam informações para o cérebro interpretar como dor”, relata a biomédica Heloísa Ciol, da equipe da UFT, que vê nesse processo a chave para entender as causas da doença.

“Acredita-se que a luz e o ultrassom têm efeito em toda o aparato sensorial que existe na mão, e que consegue levar informações para o cérebro, de forma que ele pare de interpretar que o corpo está em uma situação de dor constante, modulando assim os processos inflamatórios.”

Exercícios e alívio

“Você não consegue detectar de onde vêm as dores, ou seja, qual o ponto dolorido, pois ela é interna, localizada em diversos pontos. É insuportável mesmo”, relata Richard Rocha, que começou a sofrer de depressão há cerca de dez anos, após ter perdido seu negócio, que era único meio de sustento da família. Ao tomar conhecimento, por um amigo, do tratamento realizado na UFT, Richard entrou no programa e fez as primeiras dez sessões, mesmo sabendo que os procedimentos eram quase essencialmente dedicados a mulheres, não havendo, até então, registros da ocorrência de fibromialgia em homens.

Contudo, a partir do momento em que os pesquisadores do IFSC publicaram o artigo sobre o diagnóstico e o tratamento de Rocha, outros casos começaram a aparecer. Além do alívio das dores, houve uma melhora na disposição para realizar atividades físicas. “Isso se deve em grande parte ao processo de normalização dos níveis de fluxo periférico cerebral, que por sua vez provocam uma normalização do limiar da dor [mínimo de estímulo necessário para que o cérebro o associe a dor] e a diminuição da fadiga excessiva”, aponta Antônio Eduardo de Aquino Júnior, pesquisador do IFSC e líder da equipe da UFT. “A partir dessa diminuição, a pessoa começa a ter mais disposição.”

Richard Rocha diminuiu seu peso de 108 para 82 quilos, pratica exercício físico todos os dias e voltou a jogar futebol, inclusive em competições regionais. Ele continua a fazer tratamentos periódicos na UFT. “Ainda tenho algumas dores, mas elas desaparecem por completo quando faço exercício físico”, aponta. Embora possa parecer que os exercícios contribuam para um aumento da dor, o certo é que eles liberam muita endorfina, que congrega substâncias que atuam na diminuição da ansiedade e de outros fatores que agem diretamente na ação dolorosa da fibromialgia.

O tratamento na UFT será otimizado com a inclusão de um psicólogo no grupo multidisciplinar que cuida dos pacientes. A procura pela terapia, disponível apenas em São Carlos, por pessoas de todo o Brasil e do exterior obrigou o grupo a reforçar o atendimento que é feito na SCMSC. Atualmente, são atendidos cerca de 900 pacientes e a lista de espera deverá ser zerada antes do início da comercialização do equipamento de terapia fotodinâmica para outros estabelecimentos, previsto para o mês de abril.

A equipe liderada por Antonio Aquino tem a coordenação do professor Vanderlei Salvador Bagnato, do Grupo de Óptica do IFSC. Integram o grupo que atua na SCMSC os fisioterapeutas Daniel Marques Franco, Michelle Luise de Souza Simone, a biomédica Heloísa Ciol e o mestre em psicologia Otávio Beltramello. O artigo tem autoria dos pesquisadores do IFSC Antônio Eduardo de Aquino Jr., Daniel Franco, Juliana Amaral Bruno, Heloísa Ciol e Vanderlei Salvador Bagnato; e Anderson Luiz Zanchin, da empresa MM Optics.

Mais informações: e-mail danifisiofranco@gmail.com, com Daniel Franco

Fonte: Jornal da USP, com informações da Assessoria de Comunicação do IFSC

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